sexta-feira, 10 de agosto de 2018

Cinquenta tons de Temer

Frase de Guilherme Boulos foi uma das mais destacadas no twitter. Na sua visão, a grande maioria dos candidatos a presidência do Brasil representam a continuidade do governo Temer.


Guilherme Boulos do PSOL citou em meio as suas falas no debate da Band que os candidatos participantes do debate representam os 50 tons de Temer. O presidenciável foi um dos destaques do debate que contou também com a participação dos candidatos Alvaro Dias (Podemos), Cabo Daciolo (Patriota), Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB), Henrique Meireles (MDB), Jair Bolsonaro (PSL) e Marina Silva (Rede).

E o candidato, em certa medida, tem razão em sua afirmação. Entre os candidatos participantes do debate, a maioria tem os seus partidos na base aliada de Temer aprovando projetos importantes para o governo, mas muito criticados pela população, como a Terceirização Irrestrita, a Reforma Trabalhista, e a PEC 95 que congelou os gastos públicos pelos próximos 20 anos, que já tem trazido como principal consequência a impossibilidade dos Estados de honrar com o pagamento dos seus servidores, problema esse que só tende a ser agravado com o passar dos anos.

Entre os partidos que ajudaram a aprovar todos essas ações do governo Michel Temer e que estavam a favor da reforma da previdência que tem mais de 90% de rejeição da população estão o Podemos de Alvaro Dias, o Patriota de Cabo Darciolo, o PSDB de Geraldo Alckmin, que votou junto a Temer em mais de 86% de seus projetos, sendo um dos partidos mais fiéis ao seu governo, o MDB, partido de Temer e que tem como candidato a presidente Henrique Meireles, seu ministro da fazenda que foi um dos propositores da maioria desses projetos e o PSL de Jair Bolsonaro. Esses são os 50 tons de Temer destacado por Guilherme Boulos e que se eleitos tenderão a dar continuidade as atividades realizadas por Michel Temer, inclusive na aprovação da Reforma da Previdência que fará com que os trabalhadores tenham que trabalhar mais para se aposentarem, dependendo do modelo de aprovação, para receber menos ao se aposentarem. Marina Silva, mesmo não fazendo parte desse grupo de parlamentares da base aliada de Temer e nem tendo o seu partido como aliado, já declarou concordar com boa parte dos projetos aprovados pelo atual governo.

Entre os partidos dos presidenciáveis que não apoiaram as propostas de Temer e que não fazem parte da base aliada do governo,  estavam Ciro Gomes do PDT, Guilherme Boulos do PSOL, que foi um dos partidos que menos votaram a favor dos projetos de Temer na Câmara dos deputados, o que o coloca como um dos principais opositores ao governo rejeitado por mais de 95% da população e Marina Silva da Rede.

Outro partido que foi critico e contrário as ações de Temer na presidência foi o PT que não teve participantes no debate realizado pela Band pelo fato de seu candidato a presidência estar preso. O PT tentou entrar com mandatos de segurança para que Lula pudesse participar dos debates ou que o seu vice Fernando Haddad pudesse o representar, mas os pedidos foram negados pela justiça e pela emissora de televisão.

O PT resolveu então realizar um debate paralelo pelas redes sociais com o programa de governo do partido, que foi muito bem sucedido. Estima-se que o debate que contou com a participação de Fernando Haddad, Gleise Hoffmann, Manuela D’Avila e Sérgio Gabrielli pode ter atingido um público de até um milhão de pessoas. O debate da Band só na cidade de São Paulo no momento de maior audiência, chegou a picos de aproximadamente 3 milhões de pessoas, entretanto, com um modelo muito corrido de perguntas, respostas e devido ao grande número de candidatos, foi difícil de discutir propostas, fazendo com que a participação dos candidatos presentes, individualmente, fosse muito pequena, mesmo com quase três horas de debate.

O modelo de debate exclusivo do PT para apresentação do programa de governo atingindo o público expressivo pelas redes sociais, talvez tenha sido mais interessante tanto para o partido em sua campanha eleitoral quanto para os seus telespectadores do que o próprio debate da Band que foi disperso e morno na maior parte do tempo.

O fato de Lula, o candidato com quase 60% das intenções de votos não ter participado e não ter tido um representante, certamente contribuiu para que o debate fosse desinteressante para boa parte do público. Como candidato, segundo as leis do país, Lula deveria ter direito a todas as prerrogativas dos demais candidatos, já que ainda tem instâncias judiciais para recorrer, entretanto, todos os seus pedidos de participação do debate, inclusive, por videoconferência foram negados pela justiça, o que corrobora com a versão dada pelo Partido dos Trabalhadores de que Lula é um preso político e está sendo perseguido pela justiça, que já permitiu entrevista de vários políticos presos, como Eduardo Cunha por exemplo, mas não permite nenhuma entrevista com Lula, candidato a presidente com possibilidades reais de vitória em primeiro turno.

Anderson Silva

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