quinta-feira, 25 de maio de 2017

Governo X Povo

Um presidente ilegítimo e perdido, um congresso formado em sua maioria por corruptos e um judiciário em sua essência anti-povo jamais conseguiriam resolver de forma eficiente a crise, pois, eles são a crise.


Boa parte da sociedade brasileira percebeu tarde demais que o Congresso Nacional jamais poderia resolver os problemas do país, pois é ele o principal problema do Brasil. Quando sabotaram a presidente eleita Dilma Rousseff por meses para que ela não conseguisse governar, os nossos congressistas, não estavam lutando contra a presidente e sim contra o Brasil. Mas isso pouco importava naquele momento, como pouco importa agora, eles nunca gostaram do Brasil e nunca fizeram questão que esse país fosse um país de todos. Desde que seus interesses fossem atendidos, nada mais importa e o povo é nesse caso um mero acessório, valorizado apenas no momento do voto, que de tão desprezado durante todos esses anos, não consegue compreender que a política tem lado e se torna facilmente manipulável pelos seus algozes no momento das eleições.

Com a queda da presidente Dilma a população do país aos poucos começou a perceber que o problema da corrupção era sistêmico, e, nesse sentido a Dilma foi afastada por um Congresso constituído em sua maioria por corruptos, a começar pelo presidente que aceitou o processo, Eduardo Cunha, que encontra-se preso pela Lava Jato. A gravação de Romero Jucá, naquela altura, Ministro de Temer, falando de um grande acordo Nacional com Supremo Tribunal Federal (STF) e tudo, parecia naquele momento ser apenas uma conversa informal, mas passo a passo do que ele descrevia foi se mostrando real, como se a profecia dele, naquele momento, fosse parte de um planejamento perfeito em que tudo o que ocorreria após o plano ser colocado em prática já estava previsto.

No decorrer do tempo foram caindo ministros em escândalos de corrupção, o desemprego só aumentava, as reformas anti-povo se tornavam mais intensas, a economia não cresceu, os déficits públicos se tornaram recordes e a maioria da população brasileira começava a perceber que o presidente Michel Temer não entregava nada do que foi prometido antes do Impeachment e, ao contrário disso, só retirava direitos dos trabalhadores.

Com isso vieram as maiores greves gerais da história do país e uma queda vertiginosa da popularidade de Michel Temer que mesmo assim conseguia se manter no poder votando medidas que retiravam direitos trabalhistas e previdenciárias sem nenhum desconforto. Quando enfim estourou um escândalo com participação direta do presidente em uma negociação com a JBS para que pagamentos fossem efetuados para Eduardo Cunha se manter calado na prisão e não realizar o acordo de delação premiada que poderia afetar o seu governo. Era talvez o início do fim de um governo que jamais deveria ter iniciado, pois, nesse momento, se iniciava a mudança de lado da maior emissora do país, a rede globo, que antes era defensora fiel da manutenção de Temer e depois desse episódio se tornou aguerrida oposição ao mesmo. Mas essa mudança de postura da globo não se deu por acaso e sim porque a emissora tem fortes interesses por trás da queda de Temer. A globo assim como os grandes empresários brasileiros pretende colocar um governo que continue com as reformas anti-povo que, na visão da emissora, após esse escândalo Temer não teria mais condições de realizar.

Com esse escândalo vieram as reações populares através de grandes manifestações pedindo a saída de Temer e eleições diretas, esse ultimo rechaçado pelos donos dos meios de comunicação, pelos políticos de direita, que são a maioria em nossas casas parlamentares, e pelos grandes empresários brasileiros que querem lucrar cada vez mais as custas dos direitos perdidos pelo povo trabalhador nas reformas em discussão no parlamento. O povo não deve ter o poder de decidir mais, na visão deles. O poder não deve emanar do povo como diz a constituição e sim dos seus representantes claramente envolvidos em corrupção conforme as investigações têm demonstrado.

Como resolver esse impasse? Se estivéssemos em outro país mais desenvolvido politicamente e socialmente, com um sistema político que pensasse nos interesses do país e que buscasse uma estabilidade política e social, fatores fundamentais para a retomada do crescimento nacional, a proposta mais viável seria entregar o poder ao povo através de eleições diretas. Entretanto, vivemos no Brasil onde os políticos só querem defender os seus interesses e manter suas regalias não importando se o país esta sangrando por falta de crescimento econômico devido as sucessivas crises causadas por suas escolhas irresponsáveis. Como eles sabem que quem sofre todos os impactos da crise econômica é o povo com desemprego e pobreza, eles, em seus jatinhos e com todas as regalias mantidas, pouco se importam com a crise. Como disse o próprio presidente no começo de seu governo: - Não pense em crise, trabalhe! Como se houvesse trabalho nesse cenário horroroso em que esse governo colocou o nosso país.

Como tenho deixado claro em todos os meus últimos posts, pois isso deve ser compartilhado entre a sociedade brasileira, que precisa compreender a importância do seu voto e mudar a sua forma de votar, pois só assim conseguiremos alguma mudança real para o nosso país, um governo deve ser sempre compreendido como uma junção de ações do poder executivo, presidente, legislativo, deputados e senadores, e judiciário. Esses três poderes do pais depois da ruptura institucional se mostraram completamente anti-povo propondo, votando e decidindo questões sociais sempre visando vantagens para as classes mais favorecidas em detrimento de perda de direitos da população mais pobre.

Com esse modelo de ação adotado por esses três poderes, esses grupos de poder não vão querer um governo que possa adotar políticas que coloque os direitos sociais em pauta visando o aumento desses direitos, já que a ruptura se deu exatamente para combater esse modelo de política social implementada durante os treze anos de governo do PT. Por isso, essas forças certamente lutarão de todas as maneiras possíveis para evitar que o povo tenha voz nesse momento, ou seja, que haja eleições diretas. Isso ficou muito claro nas grandes manifestações de ontem em Brasília que contou com a participação de mais de 100 mil pessoas ligadas aos movimentos sociais e sindicais e foram fortemente reprimidos pela polícia militar do Distrito Federal e o presidente Michel Temer autorizou o uso do exército para manter a lei e a ordem, fato que não ocorria desde 1984 na ditadura militar.

Quem vai resolver o problema e colocar ordem no Brasil? Nesse momento no campo político tão polarizado como o atual, temos poucos nomes que poderiam realizar um processo de apaziguamento das ideologias contrárias existentes no país. O processo de polarização insuflado pelas mídias televisivas levou o Brasil a uma polarização tão intensa que durante muitos anos certamente teremos dificuldade de manter um sistema político em funcionamento e com uma harmonia entre os poderes e a população. Essa falta de harmonia entre os poderes gera incertezas, crises constantes e mais perda de recursos de investimentos por parte do país afetando a sua arrecadação, consequentemente capacidade de investimento em infraestrutura e políticas públicas, em síntese, o seu crescimento. As perspectivas não são as melhores para o nosso futuro.

Entretanto, nesse tipo de situação, o melhor a se fazer é colocar o povo para decidir o seu futuro e essa ação se daria apenas através de eleições diretas, uma consulta popular, viabilizada por um Projeto de Emenda Constitucional, que possibilitasse uma participação popular na definição de seu futuro. Outra possibilidade seria um acordo nacional entre as forças políticas existentes, visando a criação de um governo, provisório até as eleições de 2018, mas com o compromisso de não realizar nenhuma grande reforma nesse período e trabalhar de forma harmônica entre os grupos de interesses nacionais. Cancelando as principais reformas em andamento, trabalhista e previdenciária momentaneamente, até a posse de um novo governo legitimado pelo provo. Certamente com essa ação teríamos uma maior estabilidade política no país.

É uma pena que os nossos representantes legais, principalmente no legislativo, não representam o povo e dificilmente tomarão alguma dessas decisões, pois, isso vai contra os seus interesses e os interesses dos mais ricos aos quais eles representam de forma real. Como eles, os congressistas, têm o poder de decisão, o povo sempre ficará para o segundo plano, lutando para a manutenção de seus direitos recebendo sempre bombas e balas em suas manifestações, enquanto os políticos corruptos continuam a saquear, destruir o nosso país, o nosso futuro e o futuro das próximas gerações. Uma mudança só será possível se a população escolher representantes no Congresso que realmente sejam defensores dos seus direitos e interesses. Que isso seja logo, espero que já em 2018! 

Anderson Silva


quinta-feira, 11 de maio de 2017

O encontro de Lula e Moro

Mesmo com a grande mídia tentando demonstrar que foi algo sem maior importância o avanço de Lula em sua defesa no embate com Sergio Moro e o número expressivo de presentes em Curitiba para apoiar Lula, por verificar uma certa vantagem de Lula no depoimento realizado, ficou claro para quem assistiu o depoimento que falta materialidade e provas no processo


No dia 10/05/2017 ocorreu o tão esperado interrogatório do ex-presidente Lula em Coritiba. O depoimento colocou finalmente o juiz Sérgio Moro e o ex-presidente Lula frente a frente, fato muito esperado pela mídia e pela população brasileira, devido a uma espetacularização dos processos ligados a Lava Jato, realizado, principalmente, pela mídia durante os últimos anos.

Mesmo a televisão tendo dado destaque durante todo o dia para o evento, o que se viu nos jornais televisivos, especialmente ligados a globo, principal apoiador da Lava Jato e do juiz Sérgio Moro, foi a tentativa de criminalizar as falas de Lula e qualificar as questões desenvolvidas pelo juiz. Nada que não fosse esperado! Nos principais jornais impressos do Brasil, com opinião claramente contrária a Lula durante os últimos meses, o que se viu no dia seguinte ao depoimento, foi a tentativa de criminalizar moralmente as falas de Lula sem colocar as suas falas no contexto abordado durante o depoimento, dizendo que Lula colocou a culpa pelas negociações em Marisa, já falecida, fato que não ocorreu no decorrer do depoimento.

No depoimento propriamente dito, o que se viu na verdade foi Lula muito preparado, respondendo as questões de forma muito direta e séria, colocando o juiz, o ministério público e a polícia federal em situação desconfortável, quando pedia provas que comprovassem que o imóvel pertencia a ele.

Provas essas, que ao final não foram apresentadas. Entre os documentos utilizados como indícios de que o aparentemente pertencia a Lula, foram apresentados diversos documentos sem assinatura, que, obviamente, não deve possuir nenhuma validade jurídica. E como resposta o ex-presidente devolvia esses documentos ao juiz, afirmando que se não tinha assinatura, não tinha validade.

O processo é claramente muito fraco de comprovações e não há nenhum documento juridicamente reconhecido que possa comprovar que Lula é o proprietário do imóvel conforme está sendo acusado.

Com relação aos encaminhamentos restantes do processo, acredito que Lula será condenado ao final do processo. Mesmo sem provas e materialidade, a Lava Jato, o juiz Sérgio Moro e as mídias foram longe demais no processo de criminalização de Lula e não tem mais a possibilidade de voltar atrás e não condená-lo. Em uma situação normal, a justiça deveria trabalhar em cima de provas materiais e das regras jurídicas. Mas, como estamos em um Estado onde a justiça tem extrapolado as suas fronteiras constantemente, especialmente quando se trata de processos relacionados a Lava Jato, certamente Lula desde que o processo foi aceito já estava condenado. Para a mídia isso é claro e a Globo pressiona para que essa condenação se dê o mais rápido possível, dando até prazo para que Moro condene Lula. Nos jornais da Globo News foi colocado em diversos momentos que a sentença deveria sair entre julho e agosto. Como a Globo foi o grande patrocinador da Lava Jato e do juiz Sérgio Moro, esse tipo de pressão tem um forte significado, o prazo de Sérgio Moro está acabando ou ele condena Lula rapidamente ou o apoio da globo será perdido.

A sentença saindo nessa data, uma sentença rápida como é de praxe nos processos que estão nas mãos de Moro, será importante para os objetivos da Globo, que não quer ver Lula como candidato em 2018. Saindo uma condenação dele nesse prazo, esse processo iria para a instância superior e Lula poderia ser condenado em segunda instância ainda antes de iniciar a campanha eleitoral de 2018, se tornando inelegível, grande objetivo da Globo e da Lava Jato, como tem se mostrado de forma cada vez mais clara nos últimos tempos.

Para Lula é importante continuar o seu trabalho na parte política, mobilizando a população para lutar contra as perdas de direitos trabalhistas, previdenciários e também a favor da democracia. Haja vista que, conforme a sua leitura, a investigação contra ele é meramente política, assim como as suas condenações certamente também serão. E se a justiça quer trabalhar de forma política, esse campo para Lula é muito interessante, já que ele é especialista nessa área. Enquanto a justiça utiliza a mídia para ganhar influência política em uma eventual condenação de Lula o que Lula deve fazer é utilizar a sua influência política sobre o povo para fazer um efeito contrário e, assim, no final, saberemos quem é o mais forte, o povo ou o consórcio jurídico-midiático.

Um processo normal que pudesse trazer um julgamento justo de Lula deixou de ser possível quando a justiça se uniu a mídia para condená-lo. Acharam certamente que seria fácil. Mas Lula ao levar a disputa para o campo político, complicou o processo de condenação e conseguiu demonstrar que era alvo de perseguição política e, assim, certamente, igualou, em partes, as forças, fazendo com que vivêssemos em um confronto direto entre essas forças antagônicas. Lula demonstrou ontem que tem uma maioria a seu favor nas manifestações de rua com a presença de mais de 50 mil pessoas para apoiá-lo vindos de diversos lugares do país, contra aproximadamente 50 manifestantes a favor da Lava Jato e do juiz Sérgio Moro, outro ponto ocultado pelas mídias televisivas e pelos jornais impressos da grande mídia. A popularidade de Lula e suas intenções de voto para as eleições de 2018, demonstram que ele tem a maioria ao seu lado, mas a mídia e a justiça possuem muito poder e força de mobilização.

Apenas em 2018 saberemos quem saiu vencedor nessa disputa. Entretanto, o perdedor nós já sabemos é o Brasil. Justiça não pode trabalhar com a mídia para derrubar qualquer pessoa que seja e sim deve trabalhar de forma imparcial e cumprindo os preceitos técnicos de um processo jurídico. E um político não deveria ter a necessidade de mobilizar a população para o defender de uma condenação, o qual, se não reagisse dessa forma, certamente a sua condenação ocorreria de forma arbitrária e sem provas, assim como ocorreu com outros políticos que tinham a sua linha ideológica, ou seja, eram de esquerda.

Ao condenar Lula sem provas para impedi-lo de candidatar para as eleições de 2018 a justiça brasileira está perdendo toda a sua credibilidade e ao mesmo tempo afetando toda a credibilidade das instituições brasileiras perante os organismos, países e investidores estrangeiros. As notícias que não saem aqui no Brasil, porque, a mídia aqui é parcial, saem para o resto do mundo da forma em que o fato se apresenta, ou seja, no mundo, as pessoas sabem que não há provas contra Lula e que ele, caso seja condenado, será por questões políticas para impedi-lo de ser candidato e possivelmente eleito em 2018. Após o depoimento muitos jornais estrangeiros deram destaque a uma possível perseguição política realizada pela justiça contra Lula. 

Um país para ser respeitado precisa ter creibilidade e estabilidade política. Além disso, precisa ter instituições jurídicas respeitadas, fortes, independentes e com credibilidade. O Brasil de hoje, internacionalmente, não tem respeito. Os países não recebem o nosso atual presidente e quando o recebem esse não tem credibilidade e, por isso, o Brasil e as empresas brasileiras perdem muitos investimentos internacionais. Com essa decisão de condenar um ex-presidente para que ele não dispute as eleições estaremos perdendo também o respeito pelos nossos órgãos jurídicos e consequentemente as demais instituições nacionais, e assim, estaríamos condenando todo um país ao descrédito por muitas décadas. Entretanto, os responsáveis por esse país e por suas instituições mais importantes parecem não ligar para isso. Se esse é o preço a ser pago para não ver Lula como presidente mais uma vez, que se pague. Quem sofrerá as consequências não são eles que têm cargos com salários de marajás, regalias, e estabilidade de emprego, quem sofre com isso é o povo que será condenado ao desemprego a pobreza e a auto-destruição do seu país pelas próximas décadas!

Anderson Silva   

quarta-feira, 10 de maio de 2017

Inflação em queda, até que ponto isso é bom?

O governo e a mídia deveriam ter vergonha em falar de recorde na queda dos índices de inflação, como algo muito positivo, no contexto em que vivemos no Brasil. Sabe-se que os preços dos produtos estão diretamente relacionados ao nível de atividade econômica, lei da oferta e da procura. Com 14 milhões de desempregados, renda salarial dos trabalhadores caindo a cada mês e as pessoas sem dinheiro para comprar, a queda da inflação é algo óbvio demais para ser comemorado!


O governo e a mídia brasileira novamente tratam o povo brasileiro como se estivessem no jardim de infância! É impressionante como o governo e a mídia tentam enganar a população com informações descontextualizadas e sem aprofundamento.

Em grande parte dos jornais das emissoras brasileiras hoje foi informado, de forma muito e, exclusivamente, positiva, a ocorrência de queda nos índices de inflação. Como se esse resultado se desse apenas por ações positivas realizadas pelo novo governo de Michel Temer e levando o povo a pensar que a economia felizmente está no caminho certo. 

Será mesmo que está? Se o caminho certo é acabar com o emprego, reduzir o salário de toda uma população, quebrar boa parte das nossas empresas, reduzir o nosso PIB em níveis recordes, acabar com a arrecadação governamental devido a falta de consumo e, consequentemente, aumentar criminosamente a nossa dívida pública, são os preços a serem pagos para se ter inflação baixa, o governo e a mídia estão no caminho certo! Entretanto, eu prefiro uma política que haja um aumento da inflação, de forma controlada, com aumento da renda real dos trabalhadores, aumento do emprego, aumento da atividade econômica e do consumo, avanço do PIB, da arrecadação do Estado e a redução da dívida pública. O caminho para se chegar ao que pretendo é exatamente o contrário do que esses jornais e esse governo propõe na política econômica.

Acreditando que toda a população brasileira é ignorante e não possui nenhum conhecimento sobre os princípios de economia e a relação direta entre a atividade econômica e a inflação, a mídia manipula a população de forma extrema e sem nenhum pudor. Cabe ao povo buscar informações alternativas, avaliar as entrelinhas de cada reportagem, para que compreenda o verdadeiro contexto da situação econômica, política e social do Brasil, que não devem ser dissociados em nenhuma análise de temas similares a esse.

Não se engane, a queda da inflação atualmente se dá devido a perda de renda, desemprego recorde da classe trabalhadora, que faz com que a população não tenham dinheiro para comprar os produtos existentes no mercado. Como há uma relação direta entre a oferta e a demanda dos produtos, ocorre que, quanto mais oferta há de determinados produtos no mercado, ou seja, produtos sobrando, o preço desses produtos tende a reduzir, causando uma redução dos índices de inflação, que é o que está acontecendo nesse momento. O processo inverso acontece quando há maior demanda por produtos do que oferta no mercado, que foi o que aconteceu nos últimos anos de governos do PT, quando a população tinha recursos, salários, emprego e comprava produtos em grande quantidade. Nesse caso, a demanda era maior do que a oferta de produtos e os mesmos subiam de preço e, por esse motivo, tivemos uma inflação considerada acima da meta no último ano de governo do PT.

Diferentemente do que a mídia e o atual governo dizem, para você trabalhador, a inflação baixa, nem sempre, é uma notícia positiva como eles querem fazer acreditar, bem como, inflação alta nem sempre é ruim, para o trabalhador, como sempre quiseram apresentar para a população durante os governos do PT para criminalizar a política do partido. Inflação alta com poder de compra alto não tem nada de negativo, desde que haja ganho real na renda dos trabalhadores, ganhos esses que foram aumentados em todos os anos de governo do PT, tendo o salário mínimo aumentado, em valores reais, acima da inflação, 75% nos 13 anos de governo do Partido dos Trabalhadores, conforme pode se ver no gráfico ao lado. Quando a linha azul está acima da vermelha há um ganho real no salário mínimo, ou seja, o aumento do salário mínimo foi superior ao índice de inflação.

A relação entre ganho real e poder de compra que é muito mais importante do que a inflação, na minha visão, pode ser verificada no gráfico ao lado. Para o ano de 2015 em que o país teve uma inflação acima da meta, houve um ganho real do salário mínimo de 2,46%, que normalmente é o ganho médio de renda de todos os trabalhadores do país, a massa salarial. No ano de 2016 o salário mínimo cresceu menos do que em 2015, portanto mesmo com uma queda da inflação o poder de compra dos trabalhadores tenderá a ficar muito menor do que em 2015, aumentando, aproximadamente 0,36%. Para o ano que vem a projeção do governo é dar o aumento de acordo com a inflação do ano anterior, isso faz com que o poder de compra dos trabalhadores que ganham um salário mínimo, que é a maioria da população, responsável por grande parte da massa salarial diretamente ligada ao consumo, tende e ficar congelado, ou seja, os trabalhadores em 2017 tendem a ganhar o mesmo valor do que ganhavam em 2016 sem nenhum aumento real. O que é muito pior para os trabalhadores do que com uma inflação um pouco mais alta e com ganho real do poder de compra.

Anderson Silva

sexta-feira, 5 de maio de 2017

Deputados votam a favor da Reforma da Previdência e o projeto vai ao plenário da Câmara

Mesmo com a pressão das ruas e a maior greve geral da história do país, deputados renegam a vontade popular e votam a favor da Reforma da Previdência na Comissão Especial. Texto agora vai ao plenário da Câmara dos Deputados para votação. Porque os Deputados Federais fazem isso em um ano que é véspera de eleições? Nesse período, em qualquer democracia normal, eles deveriam estar em busca de votos e de apoio popular. Veja a análise a seguir:


Os Deputados Federais demonstraram mais uma vez não estarem mais importando com a vontade popular. Mesmo verificando a rejeição da população com relação a Reforma Previdenciária, no dia 03/05/2017, os deputados aprovaram por 23 votos a 14 a Reforma na Comissão Especial e agora votarão os destaques no decorrer da próxima semana, antes do projeto seguir para a votação no plenário da Câmara dos Deputados.

Porque os Deputados agem dessa forma em ano de véspera de eleições?

Os Deputados já entenderam que, de forma prática, o que vence as eleições no Brasil são os recursos para campanha. A muitos anos há uma convicção entre os políticos que a percepção popular não vence eleições para os mais variados cargos no Brasil, especialmente, os parlamentares, ou seja, nesse sentido, não vivemos uma democracia participativa e sim uma ditadura do capital sobre a política. Isso fica cada vez mais claro quando observamos a operação Lava-Jato e a quantidade de políticos financiados pelas maiores empresas do Brasil que foram eleitos.

A partir do momento em que não se precisa agradar o eleitor politicamente para conseguir voto e, sim, de recursos para o financiamento das campanhas para “comprar” esses votos, os políticos perceberam que não precisavam mais prestar contas a população de seus atos, mas sim, e somente, aos financiadores de suas campanhas e por isso eles votaram durante anos a favor dessas grandes empresas em detrimento de interesses populares.

A situação ficou ainda mais escancarada nas duas ultimas eleições, quando elegemos o congresso mais conservador, retrógrado, pró-capitalista e corrupto da história da nossa república. Nomes como Fernando Collor que havia feito um governo que, historicamente, foi reconhecido como um dos piores governos da história do Brasil, por ter confiscado a poupança da população, foi eleito Senador do seu estado o Alagoas. Tiririca foi eleito em São Paulo por duas vezes, sendo um dos mais votados do país, levando outros deputados sem voto devido a estrutura do nosso sistema político nas últimas eleições, perguntando: “O que faz um Deputado Federal?” Paulo Maluf que até hoje a prefeitura de São Paulo recupera recursos do exterior roubados por ele foi eleito também Deputado Federal e hoje define o nosso futuro votando a respeito de reformas como a trabalhista e a previdenciária. Coincidentemente, todos esses parlamentares têm votado a favor das propostas e reformas apresentadas por Michel Temer que retiram direitos dos trabalhadores.

O que se tira de conclusão disso? Que os políticos perceberam o nível de alienação do povo brasileiro politicamente. Eles tem convicção que essa alienação é tão grande que não importa o que façam durante o seu mandato. Para ser eleito, só é necessário possuir recursos e ter um nome conhecido, não importando se esse nome é conhecido pelo número de casos de corrupção ou por boas obras e ações realizadas, o importante é ter o nome na cabeça da população e recursos para investir em suas campanhas.

Uma vez que não se precisa prestar contas do mandato à população, os deputados hoje acreditam que serão eleitos em 2018 de qualquer forma, mesmo se votarem a favor das reformas trabalhistas que vão destruir o futuro da população. Na visão deles, tudo que precisam é angariar a maior quantidade possível de recursos financeiros que estão sendo
retirados pela barganha com o presidente para essas aprovações. Ou seja, ele cobra recursos do presidente para a sua eleição do ano que vem e o presidente Michel Temer tira os recursos do Estado, que pertencem ao povo, para repassar a esses deputados, eles votam para retirar direitos do povo, e recebem os recursos do povo que serão utilizados para a re-eleição em 2018. Essa é a lógica da nossa política nacional atualmente.

De quem é a responsabilidade por esse caos que vivemos atualmente?

Costumo colocar como primeiro responsável pelos problemas políticos vivenciados atualmente o nosso sistema político que permite o número de partidos que temos atualmente e faz com que o nosso Congresso funcione mais como um balcão de negócios do que uma casa legislativa. Você sabia que mais de 60% dos nossos deputados não foram eleitos pelo voto direto, e sim, por votos proporcionais a partir das coligações? Pelo nosso sistema político ser muito confuso a população não consegue compreender que seu voto em um deputado pode ser repassado na proporcionalidade para outro. Na verdade, no caso das eleições para deputados e vereadores, não se vota diretamente no candidato e sim em um grupo de partidos o qual o seu voto poderá ir para qualquer deputado que faça parte daquele grupo e está entre os mais votados, é um voto “misto para o partido e o candidato”. É tão confuso que fica difícil de explicar, mas tentarei fazer um post apenas sobre esse tema no futuro.

O segundo e não menos importante é o próprio povo que não entende de política, não busca entender e não acompanhar o que ocorre no nosso sistema de votação, especialmente, nas casas legislativas. Quando não buscamos compreender no que estão votando os nossos parlamentares, seus partidos e o que isso influência na nossa vida, não temos o conhecimento necessário para cobrar desses deputados uma outra postura, ou mudar o nosso voto nas próximas eleições e esse é o fator fundamental para que os deputados percam o respeito pelo povo e pela vontade popular, já que, seja lá o que eles estejam votando o povo jamais entenderá e portanto os cobrará no momento das eleições. Tendo eles a certeza que serão re-eleitos mesmo se agirem contra o povo durante seus mandatos.

O terceiro ponto em que destaco como grande responsável pelos problemas políticos que vivemos atualmente é o judiciário. O judiciário está na constituição para ser um poder que, de alguma forma, controle o sistema político, especialmente, no que diz respeito a corrupção. Entretanto, as ações desse órgão tem sido muito aquém do necessário para uma mudança de conduta por parte dos nossos políticos e, assim, eles têm hoje no Brasil uma certeza da impunidade. Por esse motivo, eles continuam a aumentar o seu nível de corrupção ano após ano. Se a justiça fosse rápida, impessoal e eficaz certamente não teríamos o nível de corrupção sistêmica que temos no Brasil atualmente.

Como mudar essa situação?

Só há uma forma de mudar esse ciclo vicioso e para isso a população precisa entender a importância das casas legislativas, como é o funcionamento do sistema de votação brasileiro e começar a votar em partidos que efetivamente defendam os interesses das classes trabalhadoras e menos favorecidas. Em qualquer país mais sério e mais politizado que o nosso, após a aprovação desse tipo de reforma, sem apoio da população e sem discussão ampla, partidos que as apoiaram como PMDB, PSDB, DEM e PP seriam reduzidos a pó em uma eleição no ano seguinte a aprovação e sansão dessas reformas - trabalhista, previdenciária, terceirização e a PEC dos gastos públicos.

Se a nossa resposta não vier nas urnas no ano de 2018 esses deputados terão ainda mais certeza de que podem fazer o que querem com o povo e com os direitos do povo. Aí sim, certamente seremos escravizados nos próximos anos assim como propõe um deputado do PSDB para os trabalhadores rurais em um projeto de reforma trabalhista para esses trabalhadores, no qual ele propõe que o pagamento dos trabalhadores rurais possa ser realizado através do fornecimento de casa e comida, a jornada de trabalho poderá ser de até 12 horas por dia, com folgas de 18 em 18 dias, o que é isso se não escravidão?

Um Congresso formado por 80% de milionários não pode representar interesses populares e é isso que nós trabalhadores temos a obrigação de modificar nas próximas eleições. Trabalhador que se preze, no mínimo, deveria avaliar quais os partidos que votaram nessas reformas e ter essas votações como regra básica para definição de seu voto. O foco deve ser no parlamento e nos partidos. Como eu disse o nosso sistema político é extremamente confuso, o qual, há uma mistura entre o voto para o candidato e ao partido, portanto, uma vez que você vota no candidato ao mesmo tempo você está votando no partido e vice-versa. Sendo assim, nós eleitores devemos focar mais o nosso voto no partido, levando em conta, a que partido o candidato pertence para escolher o seu voto. Apenas votando em candidatos de partidos progressistas e trabalhistas poderemos mudar a cara do nosso Congresso. Votar em um presidente progressista e não dar base política para ele no Congresso é um tiro no pé para a classe trabalhadora e essa ação tem se repetido ano após ano no Brasil impedindo que tivéssemos mudanças estruturais visando uma verdadeira redução das desigualdades do país. Se não mudarmos isso, nenhum avanço social será possível e não conseguiremos reverter as reformas que estão sendo aprovadas pelo nosso congresso atual.

Anderson Silva

Outros textos sobre o tema no Blog: 

A HISTÓRIA DOS GOVERNOS NO BRASIL